segunda-feira, 31 de maio de 2010

Doa a quem doer



Folhas, flores e frutos, depois de caídos, jamais serão os mesmos.
Nem mesmo se outra primavera vier...


Foi isso o que eu descobri naquela tarde de outono. Ao andar pelas ruas; vi folhas caídas ao chão, como se não fossem nada para os que em volta passavam. Mas em minha insana curiosidade e mania de querer entender o mundo e o porquê das coisas, parei pra ver, ver o que realmente era aquilo, saber o porquê de estarem no chão, enquanto outras folhas já se punham a postos para aparecer assim que passasse o inverno.

Depois de observar, cheguei à conclusão que "o estar no chão", naquele momento, significava muito mais do que, quem estava pra nascer, do que o "ser novo". Folhas e frutos ao chão significavam coisa boa, maturidade, coragem...

Bem, a folha, depois de bem entendida, na verdade não caiu, ela teria se jogado. Por achar que estava na hora, por aquele galho era pouco pra ela, e tudo que ele podia ter feito pra ela achou que estava na hora. E como aquele galho não a sustentava, era pouco pra ela; resolveu cair fora. E muitas folhas a acompanharam, ficaram juntas por um tempo, e depois de secarem, viraram enfeite de artistas.

Já os frutos não caíram e nem resolveram se jogar; saíram por serem expulsos, as folhas que não tiveram a mesma atitude das outras folhas, se juntaram a expulsaram aqueles que haviam amadurecido. Os frutos eram belos, amadurecidos causavam inveja, então o que restou para os invejosos incapazes de crescer, era expulsar aquele que tanto tinha crescido. Depois de jogados ao chão, os frutos eram colhidos por aqueles que realmente os davam valor, que por sinal não eram poucos. O destino nem sempre era o mesmo para todos. Alguns iam pra feira, outros iam direto pras residências.

Mas, no fim, todos aqueles belos frutos seguiam o mesmo caminho. Todos se aconchegavam suavemente em mãos ansiosas e delicadas; esperavam pacientemente pelo suspiro acolhedor, e, por fim, se misturavam com delicadeza na doce aprovação de quem os escolhera de boa vontade. Ousar. Encarar. Teimar. Ultrapassar. Mudar. Viver. Completar o ciclo quebrando os tabus. Isso é existir. Alcançar o inalcançável e morrer feliz por ter tentado.

Pular da árvore pra ver no que vai dar é a maior das aventuras. Vou ver a primavera do lado de lá e encarar as cores do pôr do sol enquanto o tempo me deixar. Vale à pena tentar... Ah, vale!

4 comentários:

Unknown disse...

texto lindo.
nas suas linhas tem mais do que se pode imaginar. Algo que não é só seu, mas acho que de todos.

Carla disse...

Ah, cismei! Cismei de verdade! Cismei que esse texto, assim como os demais, me explicou passo a passo o que é a verdadeira catarse. Cismei que essas palavras deveriam figurar como sinônimo de intensidade; de sensibilidade. Cismei também que, se eu já era fã de carteirinha dessa excelente autora, agora é que chegou a hora de eu imprimir os crachás e pregá-lo na testa; só pra mostrar pro mundo o que ele anda perdendo dando mole por aí sem seguir o Tanto faz como faz. Por isso, moça, eu tenho que dizer: mandou bem demais! Como sempre, né?

Acho que você já tá cansada de meus pedidos, mas... Poste mais textos! Por favor! Viu? É nisso que dá ser a guardiã das palavras!

Beijos!

Ps1: Armazém das idéias...

Ps2: E não, não vou largar do seu pé quanto a isso!

Mara Bianchetti disse...

"Pular da árvore pra ver no que vai dar é a maior das aventuras. Vou ver a primavera do lado de lá e encarar as cores do pôr do sol enquanto o tempo me deixar". Esse é o grande lance.
Mas será que vale mesmo a pena pular? E se, como aconteceu com esta folha, o meu inverno não passar?
Pulo? Fico? Volto?
Acho que prefiro arriscar!
Belo texto. Parabéns!

Alice ainda mora aqui disse...

Dri, saudades!!!!!!!!!!!!!!!!!
volte volte